No momento, você está visualizando PRÁTICOS DE NAVIOS: HERÓIS SEM CAPA

PRÁTICOS DE NAVIOS: HERÓIS SEM CAPA

  • Categoria do post:PRATICAGEM

Prático de Navios é o profissional que, depois de aprovado em um processo seletivo público e devidamente treinado, trabalha diretamente com as tripulações das embarcações conduzindo as manobras de atracação e desatracação dos navios nos portos das diversas Zonas de Praticagem (ZPs) em que se divide o litoral brasileiro.

Hoje vamos falar da importância da Praticagem e por que o universo náutico não pode prescindir desses profissionais.

Citados em registros antigos como a Bíblia, a Ilíada de Homero e o famoso poema “O Conto do Velho Marinheiro” (1798), os Práticos foram fundamentais para garantir a segurança de travessias marítimas desde os primórdios da civilização.

O conhecimento sobre o local onde atuam é único e os torna indispensáveis para a segurança da navegação. Somente compreendendo a dinâmica das forças da natureza, o relevo submarino e as peculiaridades locais consegue-se transitar por águas restritas com navios de grande porte.

BEM FEITO

Os Práticos rotineiramente evitam acidentes nos portos e estreitos mais perigosos, nas mais distintas situações. Vez ou outra, um feito ganha notoriedade na imprensa, como o do Prático Nelcy Campos, que em 1985 arriscou a própria vida para salvar a cidade do Recife de um petroleiro em chamas.

O navio carregava 1.500 toneladas de gás butano e encontrava-se atracado no porto. Sem pensar duas vezes, o Prático Nelcy rebocou a embarcação para alto-mar, livrando a capital pernambucana de uma explosão que poderia levá-la à extinção.

Busto do Prático Nelcy Silva (Foto: Peu Ricardo/DP.)

Outro caso notório aconteceu em 2019 no Porto de São Sebastião – SP, onde os Práticos Marcio Santos e Fábio Rodrigues evitaram um desastre ambiental, possivelmente com derramamento de óleo de grandes proporções, na região de Ilhabela. Sob condições tempestuosas, eles embarcaram em dois petroleiros à deriva cujos cabos de amarração haviam partido durante uma operação ship-to-ship, e manobraram os navios para uma condição segura.

Esse feito lhes rendeu o Prêmio IMO 2020 por Bravura Excepcional no Mar, concedido a quem, sob o risco de perder a própria vida, realiza ato de bravura excepcional na tentativa de salvar vidas no mar ou prevenir danos ao meio marinho.

Também não podemos deixar de mencionar a atuação impecável do Prático Diogo Weberszpil, quando o navio gaseiro Golar Spirit apresentou uma falha de leme na entrada da Baía da Guanabara. Usando toda a sua perícia e conhecimentos de manobra em condições de emergência, Diogo conseguiu impedir que a embarcação colidisse com as pedras da Fortaleza de Santa Cruz, assim evitando uma possível explosão de consequências incalculáveis para a cidade do Rio de Janeiro.

Por fim, vale salientar que, com bastante frequência, Práticos são acionados para realizar o resgate de tripulantes de embarcações de pesca e de esporte e recreio que enfrentam dificuldades no mar, nas proximidades das Zonas de Praticagem em todo o país. Auxiliar nas ações de busca e salvamento é uma obrigação de quem atua na profissão, conforme estabelecido na NORMAM-12/DPC, que regulamenta o serviço de Praticagem. Com lanchas e tripulações treinadas e prontas para atuar 24 horas por dia, 365 dias no ano e em todas as regiões portuárias, é a Praticagem quem normalmente tem condições de se apresentar em primeiro lugar na cena de ação.

NÃO PODE PARAR

A profissão é tão importante que, na maioria dos países, o serviço de praticagem é compulsório por lei. Nos casos raros em que não há tal exigência, a contratação de Práticos costuma ser “fortemente recomendada” pelas autoridades locais.

No Brasil, a Praticagem é considerada atividade essencial e, como tal, jamais pode ser interrompida. O serviço deve estar permanentemente disponível em todo o país, não cabendo paralizações por conta de movimentos de greve, calamidades ou mesmo pandemias.

PROGRESSO E FUTURO

Ao longo dos anos, a navegação e o serviço de Praticagem passaram a contar com as inúmeras inovações tecnológicas dos nossos tempos; as quais, embora tenham sido facilitadores em muitos aspectos, jamais representaram ameaça à continuidade da profissão.

Afinal, esse mesmo progresso também permitiu a construção de navios cada vez maiores, o que diminuiu as margens de erro e aumentou sobremaneira as consequências materiais e ambientais dos acidentes marítimos. As habilidades dos Práticos, portanto, seguem mais importantes do que nunca.

fonte: https://cursoh.com.br