Você já deve ter ouvido falar no prático, o profissional que auxilia as manobras de navios nos portos. Mas você sabia que antes de uma manobra acontecer é necessário todo um planejamento e coordenação por parte da equipe de praticagem envolvendo os terminais portuários, os rebocadores e o navio?
O serviço de praticagem em síntese é o conjunto de atividades de assessoria ao comandante, requeridas devido às peculiaridades locais que dificultam a livre e segura movimentação da embarcação. Esse serviço é realizado em portos, baías, lagoas, rios e canais onde há tráfego de navios. A principal razão da existência deste serviço é proporcionar maior eficiência e segurança à navegação e garantir a proteção da sociedade e preservação do meio ambiente.
Em sua maioria, quem admira um navio manobrando em um porto, não faz ideia que há toda uma estrutura por trás do serviço de praticagem, envolvendo o prático, a lancha de praticagem e a atalaia controladora. A atalaia controladora é uma estrutura operacional dotada de profissionais bilíngues preparados para coordenar, controlar e apoiar o atendimento do prático à embarcação. O controlador de tráfego, alocado na atalaia controladora, é responsável por monitorar o tráfego dos navios mercantes no porto, dando-lhes instruções necessárias à manobra.
Ou seja, antes do prático embarcar no navio, o controlador de tráfego já “preparou o campo” verificando o calado do navio, se ele vai precisar de maré positiva, o bordo e o berço de atracação e se todos os parâmetros para manobrar estão dentro do limite estipulado pela Autoridade Marítima (vento, corrente, vagas, rebocadores e visibilidade).
Os práticos partem para os navios em lanchas especiais para seu transbordo seguro, munidas de potência, manobrabilidade e a expertise do mestre da lancha, que a encosta no costado do navio em movimento, para que o prático passe da lancha para a escada “quebra peito” da embarcação. Chegando no passadiço do navio e após uma breve explanação com o capitão sobre a sua intensão quanto a manobra, logo é iniciada a faina de praticagem. O prático utiliza de seu conhecimento técnico assessorando o capitão do navio nas particularidades locais e de navegação para guiar o navio. As ordens de manobra ao navio são dadas na língua inglesa (navios brasileiros em português). O prático é a interface navio e rebocador, uma vez que são empregados nas manobras de atracação, desatracação e em alguns portos no fundeio também.
A figura do prático de navios é bem antiga, remonta ao Código de Hamurabi (Rei da Babilônia), quarenta séculos passados, onde estavam legislados seus deveres, ganhos e penalidades por eventuais insucessos na condução das embarcações. No Brasil, o primeiro serviço de Praticagem foi criado no Decreto de 12 de junho de 1808 com a rubrica do príncipe regente D. João VI.
O prático não é militar ou funcionário público. Ele trabalha de forma autônoma, sem vínculo empregatício com os seus tomadores de serviço, que são os armadores dos navios. Para se tornar prático é necessário prestar concurso junto à Marinha do Brasil, porém não é considerado concurso público, por não ser um cargo dentro da esfera pública. Hoje no Brasil são 643 práticos em 21 zonas de praticagem. Para quem pensa que esse é um trabalho apenas para homens se engana. Mesmo ainda em menor quantidade, há 12 mulheres guiando navios em todo o Brasil, com duas em Itajaí e Navegantes.
A praticagem em Itajaí iniciou seus trabalhos na década de 40, quando o prático Manoel Ezidro auxiliou o navio Trópicos. Em 1997 foi criada a Itajaí Práticos Serviço de Praticagem S/C Ltda., que inicialmente contava com três práticos e três praticantes de prático. Foi quando em 2003, o serviço de praticagem de Itajaí e Navegantes passou guarnecer a Atalaia 24 horas por dia, chegando nos dias atuais com 17 práticos, 7 controladores de tráfego e 4 lanchas.
fonte: www.itajainaval.com.br